Em 2020, inauguramos uma célula de produção na Penitenciária masculina Professor Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora. Através do trabalho, os presos têm a possibilidade de ressocialização, retomada da autoestima e de um monte de sentimentos bacanas que ficam comprometidos pela situação de cárcere. Cada três dias trabalhados na penitenciária correspondem a um dia de remição da pena. Além disso, o valor que os presos ganham pelo trabalho é dividido em três percentuais: 25% são destinados à conta pecúlio (uma espécie de conta-poupança judicial acessada quando ganharem a liberdade), 50% são destinados à assistência familiar ou pessoal (diminuindo os impactos causados pela ausência de um provedor da família) e 25% ficam com o Estado.
Arregaçamos as mangas para levar o aparato produtivo para dentro da unidade prisional e nosso primeiro passo foi a reforma do galpão que hoje ocupamos. Tem paredes pintadas, iluminação adequada, um grafite bem lindo que remete à natureza, equipamentos novinhos em folha e tudo isso somado resulta no ingrediente fundamental: a dignidade de quem agora faz parte da nossa equipe. Na sequência, promovemos oficinas de costura e capacitação para que o time da Ariosvaldo comece a alinhavar uma história bem mais bonita. Uma parte da produção das camisetas da Chico Rei passa a ser feita na penitenciária e ainda tem muita coisa bacana pra acontecer nessa caminhada. A gente promete te contar ao longo da jornada, combinado? Siga juntinho porque é nessa construção coletiva que camisetas mudam o mundo!
De acordo com dados do Departamento Penitenciário Nacional em levantamento de junho de 2017, o quantitativo de pessoas privadas de liberdade no Brasil correspondia a mais de 726 mil. Nesse período, havia uma carência superior a 300 mil vagas em todo o sistema penitenciário brasileiro. Minas Gerais ocupava a segunda posição entre os estados com mais presos no país, ficando atrás de São Paulo apenas. O relatório aponta que “a atividade laboral influencia positivamente na saúde psíquica e física do custodiado, desta forma a possibilidade de trabalho deve ser ofertada sempre que possível”.
Em 2019, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais realizou um mutirão carcerário no estado e constatou um “cenário de fragilidades”. De acordo com o documento, o quadro do sistema prisional em Minas mantém-se “em estado crítico” e a “superlotação carcerária restou evidenciada em mais de 90% das unidades prisionais de Minas Gerais.” Em Minas, a população carcerária é de 75 mil presos espremidos em 37 mil vagas de unidades com infraestrutura precária. O levantamento apresentado pelo TJMG aponta, ainda, que quase um terço dos presos do estado estão atrás das grades à espera de um julgamento definitivo.